Dados do Ministério da Saúde apontam que, pelo menos, 26 mil doses vencidas da vacina AstraZenece foram aplicadas em postos de saúde de todo o país. Segundo o levantamento, no Sul do Rio de Janeiro, mais de 100 imunizantes vencidos teriam sido aplicados em, ao menos, dez cidades. As prefeituras negam (confira mais abaixo o que diz cada uma). O trabalho dos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, foi publicado nesta sexta-feira (2) pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Os dados, aos quais o G1 também teve acesso, indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina. O Ministério da Saúde disse que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. 2 de 2 Lotes de vacinas aplicadas após o vencimento; Levantamento foi feito por Sabine Righetti (Unicamp) e Estêvão Gamba (Unifesp) — Foto: Reprodução/ G1 Lotes de vacinas aplicadas após o vencimento; Levantamento foi feito por Sabine Righetti (Unicamp) e Estêvão Gamba (Unifesp) — Foto: Reprodução/ G1 Cidades negam aplicação fora do prazo Prefeitura de Angra dos Reis: Angra dos Reis afirma que não aplicou doses de vacina com validade vencida. Os lotes de vacina são cadastrados pelo Ministério da Saúde (DataSus) e equivocadamente a instituição ao realizar o registro não se ateve ao fato dos imunobiológicos serem importados e virem com a descrição seguindo o padrão americano (mês/dia). Prefeitura de Barra Mansa: A Secretaria de Saúde de Barra Mansa informa que as doses citadas, com vencimento no dia 14 de abril, foram aplicadas no município no dia 3 de abril, dentro do prazo de validade. O Governo Federal enviou o lote com o vencimento próximo e tão logo chegou à cidade, já foi administrada imediatamente. A confirmação pode ser conferida nos cartões de vacinação com a comparação da data de imunização e com o número do lote que está registrado no documento. Prefeitura de Barra do Piraí: A Secretaria Municipal de Saúde não aplicou doses vencidas na população. O Departamento de Vigilância em Imunização promoveu a checagem e anotações dos lotes apresentados, na tarde desta sexta, e, diante dos documentos, viu que não existe qualquer dado de lotes vencidos ou aplicados em qualquer morador com códigos e data de validade vencidos. Prefeitura de Piraí: Verificamos nas notas técnicas enviadas e não consta o lote citado. Prefeitura de Resende: a Prefeitura de Resende informou que foi apurado e não foi identificado nenhum caso de doses vencidas aplicadas na cidade. Prefeitura de Rio Claro: a Secretária afirma que não tem doses vencidas. Prefeitura de Paraíba do Sul: A Secretaria Municipal de Saúde informa que não recebeu e nem há no sistema registro de doses da vacina contra a COVID-19 vencidas. O controle da Secretaria é extremamente rigoroso, eliminando qualquer chance de negligência nas aplicações. Secretaria estadual apura erro de registro A Secretaria de Estado de Saúde informou, em nota, que todos os lotes enviados aos 92 municípios do estado estavam dentro do prazo de validade. “A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que todos os lotes da vacina Oxford/Astrazeneca enviados aos 92 municípios do estado estavam dentro do prazo de validade. Dos lotes mencionados na reportagem da Folha de SP, o estado do Rio de Janeiro recebeu apenas dois. O lote 41202Z005, com validade para 14 de abril de 2021, foi recebido pelo estado do Rio no dia 23 de janeiro de 2021 e distribuído aos municípios nos dias 23 de janeiro e 1º, 2 e 24 de fevereiro. Já o lote CTMAV506, com validade para 31de maio, foi recebido pelo Estado em 26 de março e distribuído aos municípios no mesmo dia”. A Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde (SVAPS) apura com as secretarias municipais se houve algum erro de registro das doses no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). O Ministério da Saúde diz que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local”. Primeiro, foram encontrados oito lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esses dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas. Ainda de acordo com a pesquisadora e jornalista, esses são os únicos lotes que já passaram da validade no país. O levantamento aponta que foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades. Na lista, Maringá (PR) aparece como a cidade com mais doses vencidas: 3.536. Em nota ao G1, a prefeitura negou a prática e associou o achado dos pesquisadores a erros no preenchimento de tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde informou que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local”. O lote da vacina é uma informação que deve constar no comprovante de aplicação. De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil. Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esse dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas.
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